Arquivo pessoal |
Despi-me daqueles sapatos já viciados em me suportar
Meias encardidas não aqueciam geadas internas inteiras
E nem a metade dos ciclos dispostos no calendário
conseguiam a proeza de definir todo o nada que sufocava
em refluxo
Sem contas pagas ou penduradas no prego da sala
vi a luz cessar
abandonei então as velas no chão do passado
e segui nos rastros das sombras de mim
que a chuva orvalhada de julho
lavou
Despedi-me e deixei que as lâmpadas acolhessem os
sapatos
e lhe clareassem os passos
tão sufocados nas meias molhadas
Luz cortada
Não me choca
Vou por aí buscando as alpercatas do tempo menino que
vai nascer
amanhã
bem cedinho
cê vai ver, meu bem
ninguém nos escuta chorar
...
cê vai ver
é só a chuva a nos lavar
é só o cisco
o sal
o céu
é só o seu tempo a badalar
no sino da capela
derradeira (?)
Quem dirá?
Pók Ribeiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário