quarta-feira, 10 de julho de 2019

Metade da metade do tempo que ainda vem

Arquivo pessoal

Despi-me daqueles sapatos já viciados em me suportar
Meias encardidas não aqueciam geadas internas inteiras
E nem a metade dos ciclos dispostos no calendário
conseguiam a proeza de definir todo o nada que sufocava
em refluxo


Sem contas pagas ou penduradas no prego da sala
vi a luz cessar
abandonei então as velas no chão do passado
e segui nos rastros das sombras de mim
que a chuva orvalhada de julho
lavou

Despedi-me e deixei que as lâmpadas acolhessem os
sapatos
e lhe clareassem os passos
tão sufocados nas meias molhadas

Luz cortada

Não me choca

Vou por aí buscando as alpercatas do tempo menino que
vai nascer
amanhã
bem cedinho
cê vai ver, meu bem
ninguém nos escuta chorar
...
cê vai ver 
é só a chuva a nos lavar
é só o cisco
o sal
o céu
é só o seu tempo a badalar
no sino da capela
derradeira (?)

Quem dirá?


Pók Ribeiro


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