sexta-feira, 26 de julho de 2019

Dor do verso

HR FOTOGRAFIAS



Expulso um verso amargo da garganta
esperando que ele me salve.
Tusso;
o ar escapa,
as palavras se atropelam sufocadas
nessa explosão de metano
que é
viver.
          [...]

Viver dói
e não sei aonde
ou porquê
ou por onde.
Doendo a vida dói
até não ser.

Examino ossos, 
cabelos
e pensamentos;
vejo naquele espelho arrebentado
ao pé da porta
as marcas da cara esfolada,
o sal dos olhos
lavando as feridas
e ainda assim 
dói.
       [...]
Dói saber que dói
sem 
porquê!

Bebo vinhos, vinagres,
e alambiques.
Bebo ainda mais os versos
que sobraram na garrafa
da teima;
engulo às pressas

nada arde mais que 
viver
esse agora.

Talvez a dor formigue até
a mão
e de lá se jogue sem
medos,
culpas,
no papel de plantar Poesia.
Tomara!


Pók Ribeiro




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