É imperativo - como essa
frase - que respeitemos o outro na sua totalidade, sobretudo, naquilo que nele
nos parece destoante ou desagradável. É importante compreendermos, de fato, que
o outro – assim como nós - é um universo particularíssimo, cheio de estranhices
que o tornam singular, e por mais que saibamos dele, nunca será tudo [melhor
assim].
Empatia é mais que o
simplório conceito de “colocar-se no lugar do outro”; é deixar que o outro
seja, como ele prefere ou como pode, diante das circunstâncias da vida, sem
cobrar-lhe postura distinta, reação, adequação.
Beira à violência escolher
“o melhor” para outrem, visto que cerceia a sua liberdade de ser e, inclusive,
de não ser. Constrangê-lo a experimentar o que não lhe apetece, a sentir o que
não deseja, a sorrir quando a alma chora, a esboçar satisfação no desespero,
cobrar-lhe leveza na carceragem das convenções é violência, mesmo que o animus
nunca seja esse, pois aquilo que me adoça a boca pode ser fel a quem me cerca.
Vivemos numa estranha
conjuntura que pretende igualar (re)ações, preferências, gestos e até
discursos, ao passo que desiguala, miseravelmente, os que ousam diferir dos
ditames mofadores de riso, esses velhos estilingues camuflados de gentileza que
visam nos tornar inexpressivos seres seguindo a massa. Cá, do meu infinito,
particular em verdade e expressividade poética, amargo ante as investidas
externas em tornarem-me mais uma; mais doce, mais riso ...Sem nenhuma vocação para Assum Preto, eu vos pergunto:
- O que é que eu faço com essa dor, aqui?! Você não vai
querê-la, porque ela é minha!
- E o que é que eu faço com
esse grito todo?! Não vou abafa-lo, pois ele diz de minha alma!
É vital respeitarmos as
normalidade, loucuras, extravagâncias ou reclusagens do outro, sem julgamentos
kafkanianos. A liberdade é a essência maior de todo indivíduo, sem ela somos
apenas espectros, vagas nuances de um ser que nunca existirá, em plenitude. Deixa
que o outro seja como ele melhor quiser; a ti cabe ser o melhor que decidires.
Eu curto um bom café forte, bem quente e amargo.
O que você prefere?
Pók Ribeiro
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