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E veio o medo, com seu dedo em riste,
lambuzado em sangue digno
e arregalou meus olhos
que teimavam repousar.
Veio o medo e enfiou suas garras
em minha garganta,
tentando arrancar palavras livres
de dizer
direitos.
Lá fora
- enquanto o medo estrebuchava
em minhas ideias -
uma tropa vazia,
com miolos carcomidos,
repetia odes antilógicas,
antividas,
em louvor ao seu deus tétrico.
E pelas ruas, os depositários do Medo,
afiançavam seu mal,
distribuíam seu veneno salivado
em cartas falsas de um baralho escatológico.
O medo rasgou minha pele
colorida,
ruminou no meu chão-identidade,
ameaçou meu gato que dormia
em sua sabedoria animal.
O medo me disse sobre o meu dizer,
apenas disse,
Meus ouvidos de motim
não ouvem o medo.
Insubordinemo-nos
que ainda há tempo sem dedos de medo.
Pók Ribeiro
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