domingo, 26 de maio de 2019

Tem café no Céu?

Acervo Pessoal: Fogão da avó Lira e biscoitos de bichinhos trazidos da Argentina por Malu



       Há dias, inquieta-me a desengonçada ideia de não haver café no céu. Café quente e amargo. Ontem,  inebriada pelo azul radiante que invadia o janelão escancarado, fui mais uma vez assaltada pela conjectura de não haver mesmo café no Céu, visto que nossas necessidades terrenas de nada interessam aos outros planos.

       Instantes depois, eis que sou tomada pelo cheiro tenro do café da tardinha de Sinhá Uride; não tão fraco como os que ela preferia fazer. Parecia haver uma mistura com a beberagem forte da Idinha, pela manhã. Dúvida finda; mansidão na alma. Dissolvia-se a minha inquietação como o açúcar despejado na chaleira fumegante: Tem café no Céu!!

     E mais, veio sabiá me dizer que tem até farofa de ovo bem suculenta da Dudu e aquelas bolachinhas doces, com recheio de goiabada, que o Chiquinho levou. Já posso ir bem leve.


Pók Ribeiro

poeta, professora, pesquisadora da Poética de Mulheres no Vale do São Francisco, aprendiz de fotógrafa, gente que sente e muito.


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