domingo, 28 de outubro de 2018

Não me dobro!





Amanhã, bem cedo, essa lágrima vai secar e - se teimar - o sol vai lambê-la.
E enquanto o sol for caminhando e o lamento dissipando, eu vou erguendo esses ombros que sempre suportaram os pesos das minhas escolhas, o peso-leve dos meus desejos, o peso-asa das minhas lutas.


E quando os meus passos forem se firmando no caminho que escolhi -e consegui depois de livrar-me de outros pesos - eu vou sorrir; sim! Eu vou sorrir porque eu ainda tenho pés, mãos, livros, gritos e ombros de suportar o mundo. Eu vou sorrir, porque eu optei pelas existências plurais.


E depois, quando eu ainda caminhar mais, eu vou remoçar minha força, dar-lhe mais água pra aliviar essa desertificação. Eu vou resistir, porque foi isso que fiz até este instante!



Nunca foi fácil ser eu . Nem é. Essa eu nunca aceitou a mesa posta. Essa eu nunca concordou com a cartomante. Essa eu sempre foi além da cerca, da linha que delimitava os campos, dos símbolos que segregavam pessoas, das rotas que ditavam caminhos.

Essa eu é dada a subversões - e será!

Nunca aceitei o determinismo que impunham: mulher, pobre, nordestina, sertaneja, moradora do campo até os 16 anos, estudante de escola pública...depois mais determinismos: professora, estudante de universidade pública que necessitava de transporte ( por mais de 170 km diários), poeta, feminista...Gente!! Não me cabem os estereótipos! 
Eu não me dobro!

E amanhã, bem cedo, o vento me dirá pra seguir!
E vou!

Pók Ribeiro

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