(Foto: Pók Ribeiro -HR Fotografias) |
Crateras abertas alargam afastamentos, distanciam chãos firmes e impregnam de ruídos e ecos, a fala. As crateras distanciam os olhos, a pele, e enclausuram os que restam em cada espaço- universo por ela entrecortado.
Não bastassem todas essas crateras que o sistema abre, fazendo nelas escorrer o sangue dos nossos sonhos mais límpidos e leves, ainda vamos nós, reproduzindo as velhas lições daquela sua cartilha, que nós mesmo condenamos, e abrindo outras tantas valas entre nós.
E aí, por mais que se deseje o resgate, a companhia, daquele que cavou em seu redor trincheiras profundas e nelas jogou todo o seu amargo silente, não nos cabe invadir seu espaço sem que ele consinta. Não nos cabe a régua ou o compasso, porque não é nossa a medida. Somos seres sem dimensões auferíveis, porque estamos além desse envolto que se espreme nos rótulos. O que nos é transcende e precisamos salvá-lo!
Neste vasto campo minado de covas, vão se derramando os amargos do existir; os pesos daqueles que teimam em carregar um ser que não são; as tiras cortadas pelas línguas dementes. Esse vale é nefasto, mas em sua superfície adormecem flores miúdas e até corre um pequeno filete de água e chumbo. Não se engane... Há mais navalha nesse vão amplíssimo das palavras, mas também há um doce barato, um leve topor de dipirona vencida.
Cada um é o próprio salto do abismo que cavou.
Ainda há asas, vocês viram? ( E não está nos jornais.)
Pók Ribeiro
Ainda há asas, vocês viram? ( E não está nos jornais.)
Pók Ribeiro
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