quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Traçada

acervo familiar

A traça devora os anos

rendando as horas que voam.
E o tempo traça as histórias

que se arrastam epilépticas.
O vento contorna os espaços,
fazendo do perto, bem longe
e a traça, nos velhos baús,
burila caminhos vazados.

A música rouca se arrasta,

e, valsando no salão das lembranças
lá se vão tantos sois postos;
noites em breu e mormaço;

o vento empurrando estrelas.
Na rota que traça,  a traça
vagões intermináveis se bordam.
No chão abandonado,
plantas bravas (re)brotam...
E lá, no vagão do tempo.

redemoinho perpétuo das horas,
bailam inóspitas senhoras:

as lembranças que a vida traça!

Erika Pók Ribeiro


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