No dirigível das palavras
Era uma tarde morna de março quando tudo começou...
Catamos os feijões tal qual nos ensinou João Cabral de Mello Neto, num processo constante de escrita e reescrita das nossas vozes.
Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
Contemplamos as várias janelas de nossas vidas, assim como fizera Cecília Meireles, e mudamos as paisagens, sempre fazendo valer nossas ideias.
Descobrimos o poder das palavras, o prazer escondido nas crônicas e contos lidos e dramatizados, assim como se escondia a lagarta na maçã.
Tantas vezes rimos, opinamos, expusemos nossas dúvidas e certezas. Invadimos os mundos de Clarice Lispector, Rubem Braga, Luis Fernando Veríssimo, Carlos Drummond de Andrade e tantos outros. E descobrimos ainda que a literatura pode caber nos 140 caracteres do twitter.
Tantas vezes rimos, opinamos, expusemos nossas dúvidas e certezas. Invadimos os mundos de Clarice Lispector, Rubem Braga, Luis Fernando Veríssimo, Carlos Drummond de Andrade e tantos outros. E descobrimos ainda que a literatura pode caber nos 140 caracteres do twitter.
Puxados pelo cordão da literatura popular, fomos até o Assaré de Patativa e num galope à beira mar redescobrimos o nordeste nas sextilhas do cordel. Fomos emboladores, poetas de improviso, aprendizes do repente. Colocamos nos cordões da nossa imaginação o mundo que queríamos ter; os agentes de transformação que deveríamos ser.
Dos braços acolhedores do Velho Chico partimos até o Planalto Central, onde compartilhamos nossas vozes com outros tantos cuidadores de palavras.
Porém, eis que no caminho havia uma pedra, havia uma pedra no meio do caminho... Não eram o caminho nem a pedra de Drummond, era a pedra da modernidade que rouba a atenção dos jovens afastando-os da leitura e quebrando pés. Essa pedra era uma TV, que por dois meses impediu-nos o caminhar, mas não o sonho!
E eis que novamente, movidos pelas Sete Faces de Drummond, colocamos em versos os nossos sonhos, indagações acerca do nosso mundo que hoje, aqui, repartimos com vocês!
Através das palavras, construímos um elo de interação, produção e consciência participativa. Através delas , reconhecemo-nos como parte ativa deste mundo! Assim, das palavras que nos uniram em março de 2011, até estas que agora encerram o nosso ciclo, algumas delas ficarão em nossos corações: valeu à pena!
Obrigada a todos vocês, meus alunos e companheiros de jornada, partes essenciais neste projeto e nas minhas conquistas profissionais, que vocês tenham a leitura e a escrita sempre como ferramenta de inserção e atuação na sociedade!
Encerro esta minha missão com a alma em paz pelo dever cumprido e com umas pitadinhas de saudades de tudo que vivemos!
Erika Ribeiro
Juazeiro, 12 de dezembro de 2011.
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