quarta-feira, 6 de julho de 2011

Companheira indesejável


Companheira indesejável


Que segredos terá pra me contar,
a muriçoca tagarela que importuna o meu ouvido?
Trará-me os versos que busquei o mês inteiro,
e ainda hoje, infeliz, não encontrei?
Sem pudor sapateia em minha cútis,
retira-me o sangue numa ânsia sem fim.
Sai voando toda tonta, a desgraçada, e nem agradece
o néctar que roubou de mim.
Outra vem e se bota a cantarolar,
desafinada, magricela, insolente...
O que esta tem a me falar?
Falará do que sentiu ao passear por teu ouvido,
pisoteando tua pele clara e pousando nesta boca que beijei?
Muriçoca...
Não me venha com mentiras,
Baixe esse tom, que minha mão é chumbo,
muito embora minha alma saltite leve.


Erika Ribeiro


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