terça-feira, 2 de outubro de 2018

Eu falo!! #ELENUNCA!


(HRFOTOGRAFIAS)


Não!


Não poderia deixar que esse sufocar do tempo - e das coisas que o consomem - me arrancassem o direito à ação. Não permitiria, jamais, que a burocratização da vida me entregasse à isenção. Eu falo. E de/por falar, (re)construo quem sou; vou atirando ao amontoado das inutilidades essas capas de existência que o sistema nos cobre - e cobra.

Quando os sistemas dominantes se robustecem, alimentados pela ignorância voluntária daqueles que padecem, sem se dar conta, na fila do esmagamento, não nos cabe o silêncio, as (pseudo)neutralidades cheirando a lavanda; isentar-se quando as liberdades são colocadas em risco é tal qual erguer a mão do cerceador. Então eu falo.
Sendo e sabendo quem sou, e quem me são, não  me caberia outra conduta que não a do grito, a da bandeira, a do pé no chão quente, onde a flor brota teimosa. Onde há misoginia, devotamento da violência e da maldade, endeusamento da repressão às múltiplas identidades, não cabem silêncios. É preciso lançar mão da palavra que combate, do braço que hasteia a luta, do argumento que descortina a farsa e anula o ódio. Por isso falo.

Pela educação libertadora que milito, pela certeza da leitura que salva, pela poesia-asa que professo, pela liberdade de ser mulher que respiro; eu falo! Eu digo não a esse poder sustentado em falos; egos falidos; auto-estimas flácidas.

Enquanto o fanatismo neanderthalensis  se espalha, encorajando os preconceitos e  maldades socialmente ocultadas, mas agora ancoradas numa possível representação legítima, não podemos guardar nossas vozes que acolhem,denunciam, que incluem e respeitam as diferenças. Não podemos nos dar ao luxo dos silêncios, nem das isenções. Então eu falo!

Ao machismo e seus defensáveis, não!
À misoginia e seus praticantes fervorosos, não!
À violência e suas mãos marcadas de sangue, não!
À ignorância alimentada pelas frases prontas e intransitivas, não!!
À maldade escondida na mesma mão que ergue livros santos, nãoo!!

 Eu falo!#ELENUNCA!

Pók Ribeiro

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