Idiossincrasia
As palavras são estes seres saltitantes e libertinos, cheios de cores e gostos bem exóticos e, quase sempre, estão se enfiando em nossa língua ou dançando em nossos dedos. Quando você, desatentamente, a encontra ela ri de soslaio, faz careta, reboliça suas ideias, sapateia nos teus versos e não mais sairá de você enquanto não trajetar pela ideia-verso-mundo. Palavra é bicho cheio de vontade. A idiossincrasia ainda gargalha de mim; ou palavra que me mexe!
A primeira vez que me bati com a idiossincrasia, nem me lembro, mas dever de ter sido num desses divãs virtuais em que as pessoas escrevem tudo. E ela nem me olhou. Nas vezes seguintes, nos topamos, talvez como ébrio em esquinas e nem nos notamos.
Dias depois, tornei a espioná-la, meio voyeur, porém nada guardei na memória. Ela era individualista demais, una, e eu, ainda sem transformações, só enxergava os cortiços e colmeias inférteis.
A vez derradeira, e mais intensa, que encontrei a idiossincrasia, ela balançava no arroxeado de um vestido pendurado, naquela porta de vidro. Tão nítida, tão livre, que jamais imaginou ser.
[...]
Texto completo na Revista Biografia
Nenhum comentário:
Postar um comentário