XI
Noite passada, havia um poema latente
Que soluçava inconsolável,
Percorrendo intermitente o caminho sinuoso
Entre o córtex e a língua ébria.
Cutucou, gritou, esperneou ... e nada!
Nem a boca tramelada,
Nem a mão amendrontada,
Salvaram-lhe do sótão úmido.
Já cansado, o tal poema, adormeceu entre as ideias,
Fez morada num recanto, onde pudesse ser revisto.
E foi!
Quando já dormia a lua
E no céu uma bolha quente, mais crepta que clareia,
Eis que salta da garganta um verso solto,
Rebelado.
Arrebata as mãos e vai, desesperadamente,
Pousar neste retalho, em linha reta.
Erika Ribeiro.
AMEI
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