DIREI TUDO
Não me excita esse tal Direito
Estar direito,
Estado Direito.
E “endireito” o que torto me parece estar.
Não me comove essa tal Justiça
E essa fingida cegueira para receber
Benefício previdente,
Enquanto o Justo operário atiça
As brasas do caldeirão fumegante
Que ao entornar lhe arrancará
A pele sem o devido fator de proteção.
Solar?
É só lá nos recônditos da imaginação
Que meu gozo mora,
Bem lá onde as palavras dançam
E num abraço ébrio criam
Para mim uma canção como aquelas
Ouvidas na Via-Láctea.
Foi lá que vi a Láctea seiva da
Indignação ser fermentada para
Mais tarde sorve-la junto a
Um forte chocolate amargo.
Amarga-me a boca.
Amarga ver que nada está direito.
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