quarta-feira, 7 de setembro de 2011




XI


Noite passada, havia um poema latente

Que soluçava inconsolável,

Percorrendo intermitente o caminho sinuoso

Entre o córtex e a língua ébria.

Cutucou, gritou, esperneou ... e nada!

Nem a boca tramelada,

Nem a mão amendrontada,

Salvaram-lhe do sótão úmido.

Já cansado, o tal poema, adormeceu entre as ideias,

Fez morada num recanto, onde pudesse ser revisto.

E foi!

Quando já dormia a lua

E no céu uma bolha quente, mais crepta que clareia,

Eis que salta da garganta um verso solto,

Rebelado.

Arrebata as mãos e vai, desesperadamente,

Pousar neste retalho, em linha reta.


Erika Ribeiro.

Um comentário: